- Eu sou o livro - diz o livro que é de poucas falas, porque gosta mais de dizer as coisas por escrito.
- E eu sou o leitor, ou melhor, talvez seja o leitor - dizemos nós.
Folhear um livro é espreitar para dentro de uma caixinha sem chave, uma caixinha ao alcance das mãos e dos olhos. Não há segredos.
- Que tens guardado para me dar? - perguntamos nós ao livro.
Aí o livro conta, não pára de contar o que dentro dele tem para nós. Se, entretanto, nos sentamos numa cadeira, de preferência de brações, por ser mais cómoda, e poisamos o nosso amigo livro sobre os joelhos, esta conversa, que começou por ser hesitante e prudente, vai. quase de certeza, demorar que tempos, o tempo de lermos o livro do princípio ao fim ou de fio a pavio, como também se costuma dizer.
- Valho muito mais do que o que peso - diz o livro, sem ser por vaidade. - Tenho tanta coisa, tanta surpresa, meus amigos, que só lendo-me se acredita.
Vamos então descobrir por nós o que ele tem para nos dar. Vamos ler!
António Torrado, O Manequim e o Rouxinol
1 comentário:
Gosto muito do autor António Torrado, até tenho um livro autografado por ele. As suas histórias são sempre muito engraçadas!!!
André Silva n.º2 do 6.º A
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